Grandmaster Flash & The Furious Five |
Embora tivessem havido outros singles que se tornaram populares, Run DMC foi o primeiro a provar que o gênero era comercialmente viável em 1983, dependendo da perspectiva nesse momento se dá o nascimento do hip-hop ou a sua sentença de morte.
Depois disso, o hip-hop deixou de ser um estilo de vida e tornou-se uma força musical acessível aos consumidores do mundo inteiro.
Run D.M.C - Its Trick by sitepodepaApós essa transição, os artistas começaram a aparecer na costa oeste dos Estados Unidos, Ice T e Too $hort podem ser citados como pioneiros.
Poetas formidáveis como Rakim, Kool De Mo e KRS-One se tornavam cada vez mais populares. Produtores ampliaram o seu catalogo e passaram a usar o rock (Beastie Boys e Run DMC) e Jazz (Marley Marl e depois DJ Premier e Prince Paul).
Na segunda metade da década de 80, o hip-hop se tornou mais político (Boogie Down Productions e Public Enemy) e mais acessível para o publico pop (DJ Jazzy Jeffy, Fresh Prince e MC Hammer).
Em suma, não era mais a cultura monocromática que foi nos anos 70 e no inicio dos anos 80. E, embora alguns argumentem que ele perdeu o seu foco, ele se tornou cada vez mais popular, e até o final da década estava prestes a tornar-se uma cultura juvenil dominante.
No Brasil a cultura hip-hop chegou mais notavelmente em São Paulo, pelas mãos das equipes que faziam os bailes soul e dos discos e revistas que começaram a ser vendidos em lojas nas galerias da Rua 24 de Maio, no Centro.
Os primeiros a aparecer foram os dançarinos de break que, expulsos pelos comerciantes e policiais da região, transferiram-se para a estação de metrô São Bento.
Racionais MC's |
O registro inicial do rap brasileiro é a coletânea Hip Hop Cultura de Rua (1988, Eldorado). Ela trouxe faixas dos grupos Thaíde e DJ Hum (produzidas por Nasi e André Jung, do grupo de rock Ira!), MC Jack, Código 13, entre outros. Debutava no Brasil o estilo musical baseado em falas ritmadas despejadas por cima de bases dançantes tiradas de discos de funk, com eventuais scratches (os arranhões, efeito que os DJs obtêm ao fazer o disco ir para frente e para trás no prato). No entanto, a estética discursiva típica do rap já havia sido usada, um ano antes, para a confecção de um grande sucesso de rádio: Kátia Flávia, que o carioca Fausto Fawcett gravou com os Robôs Efêmeros. Os scratches também já haviam aparecido em disco em Estação Primeira (87), da banda paulistana Gueto.
Racionais Mc's - Pânico na Zona Sul by sitepodepa
Em 1988, outra coletânea de rap foi lançada em São Paulo: Consciência Black (primeiro disco do selo Zimbabwe). Nela, estava um grupo que daria muito o que falar nos anos seguintes: os Racionais MCs. Em suas duas músicas, Pânico na Zona Sul e Tempos Difíceis, Ice Blue, Mano Brown, Edy Rock e o DJ KlJay deram uma visão nada amenizada de como era dura a vida do jovem negro e pobre que mora na periferia paulistana, perdido entre o crime e a injustiça social.
Outro importante registro é “Mão Branca” (Polygram), do respeitado Gérson King Combo, um dos poucos nomes da produção nacional de funk. Autor de dezoito registros fonográficos, entre compactos (simples e duplos) e LPs, King Combo destaca-se por pérolas como “Jingle Black”, “Mandamentos Black” e “O Rei Morreu”.